A gente passa o dia ouvindo que essas oitocentas e vinte sete mil novas ferramentas de internet aparecem para tornar a vida mais prática, para aproximar as pessoas. Então, coleguinha, entre para o hi5, venha ser meu amigo. Me segue no twitter? Já visse a atualização do meu flickr essa semana? Altas fotos maaaras. Dança comigo com o Buddypoke! Bora fazer um blog sobre tal e tal no wordpress?Mas sério, até onde isso é a propaganda bonitinha do twitter, de vamos descobrir os pequenos detalhes da vida dos nossos loved ones? O foco não é esse e a gente sabe. Você não quer saber se eu tô tomando café agora. Mas eu que quero que os outros saibam que eu fiz um super nescafé quentinho. Não é a necessidade do outro de lhe conhecer, de se aproximar, é a sua necessidade de se exibir. E talvez não seja nem exatamente se exibir, se mostrar, talvez vá mais fundo. Quanto mais tecnologias se faz pra unir pessoas, mais elas se afastam. A solidão do mundo moderno, diriam alguns teóricos. Porque é mais fácil mandar um e-mail, um torpedo, que ligar, que se encontrar. Porque tá todo mundo muito absorvido em si. Porque todo mundo cansou da vidinha comum, de ser comum. Então o que esses programas fazem? Eles engrandecem a pessoa, você pode ser como quiser, e você tá lá, pra todo mundo ver, aí você se ilude que todo mundo tem um grande interesse na sua vidinha, para se sentir menos medíocre. Nada contra, até saudável. Mas tem necessidade de 15 perfis diferentes? Quer colecionar figurinha, compra o álbum da mônica, rapaz! Mas é, talvez sejamos apenas nós, pobre dinossauros, tão out que não enxergamos a grandiosidade de ver e ser visto. Vai saber.

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